(...)Eu considero estas perguntas que eu me faço todas óbvias. Só que, a propósito do óbvio, eu tenho dito e redito que uma das coisas que eu descobri, sobretudo no meu exílio longo, é que nem sempre o óbvio é tão óbvio quanto a gente pensa que ele é. E, às vezes, quando a gente se aproxima da obviedade e toma a obviedade na mão, e dá uma rachadura na obviedade, e tenta entrar na obviedade para vê-la desde dentro e de dentro e por dentro (isto é, ver o óbvio de dentro e de dentro dele olhar para fora), é que a gente vê mesmo que nem sempre o óbvio é tão óbvio. Eu me lembro, por exemplo, de muitas experiências minhas em torno desta obviedade, que é: a educação não é neutra. Eu me lembro que algumas das vezes em que eu afirmei isto, sem nenhuma preocupação de justificar, na Inglaterra, eu tive encrencas tremendas com o auditório. Isto aconteceu também na Alemanha. Quer dizer, o que parece às vezes tão óbvio, às vezes não é óbvio.
* Educação: o sonho possível (Paulo Freire conversa com educadores e educadores sobre supervisão escolar)
Fonte: O Educador: vida e morte / Carlos Rodrigues Brandão, Marilena S. Chaui, Paulo Freire. Rio de
Janeiro: Edições Graal, 1982
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