Enquanto não existir uma política educacional e interesses somente em torno da educação pública de qualidade, fatos como o da reportagem acontecerão milhões de vezes.
12/01/2010-EDUCAÇÃO
ESTADO DISPENSA DIRETORES DE ESCOLA SEM JUSTIFICATIVA
Por: Paula Cristina - paula@abcdmaior.com.br
Pelo menos dez diretores em S. Bernardo foram dispensados; servidores acreditam em retaliação
O fim de 2009 trouxe uma surpresa para dez diretores substitutos de escolas da rede estadual de ensino de São Bernardo. Em 30 de dezembro, cartas informando o fim dos serviços prestados chegaram aos servidores. De acordo com diretores ouvidos pela reportagem, a dispensa não foi justificada, mas os dispensados acreditam que a medida seja uma retaliação do governo do PSDB, já que realizaram parceiras com a Prefeitura de São Bernardo, administrada pelo PT.
Os substitutos são professores concursados que deixam a função original para ocuparem cargo de confiança. São convidados a ficar no lugar de diretores, também concursados, que se afastam por motivo de saúde ou por outro qualquer. Os diretores substitutos perdem a estabilidade e podem ser dispensados pelo Estado sem justificativa. Os professores também não podem ser defendidos pela Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo).
"A carta chegou sem nenhuma justificativa. Conversando com outros diretores, percebi que não havia sido a única afastada", afirmou uma das diretoras que preferiu não se identificar. Para outro diretor, esse tipo de ação do Estado é retaliação. "Muitas escolas não seguiram a 'cartilha' imposta pela Diretoria de Ensino." Eles afirmam que não foram dispensados para a volta dos concursados. "Nos casos que tenho conhecimento, os servidores foram trocados por novos substitutos, que não conhecem a escola, e não saberão dar continuidade ao trabalho prestado", afirmou outra servidora dispensada.
De acordo com a Apeoesp, das dez escolas que tiveram os diretores afastados, seis já escolheram substitutos para os cargos. As outras quatro ainda aguardam um novo diretor.
O conselheiro da Apeoesp Fernando de Souza explicou que a entidade não pode fazer nada por esses profissionais dispensados. "Como são considerados cargos de confiança, a Diretoria de Ensino tem o poder de trocá-los. Não podemos argumentar." De acordo com o conselheiro, o ideal é que os professores não aceitem esse tipo de cargo. Mas o salário muitas vezes fala mais alto. O salário de um professor de ensino básico, com 30 horas semanais, é de R$ 1.295,76, enquanto um diretor em início de carreira, com carga horária de 40 horas semanais, recebe R$ 1.897,80. A assessoria de imprensa da Secretaria de Educação informou que este tipo de ação acontece todos os anos, e é comum por todo Estado haver mudanças naturais dos cargos.
Fonte: Jornal ABCD Maior.
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